O desafio de uma separação


Autor: Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora de Assuntos para Terceira Idade

Durante a nossa caminhada, acontece um momento inevitável que é o do afastamento de alguém que nos é muito querido. Seja por qual motivo for, por viagem, por mudança, como de local de residência, separação de um relacionamento, de uma convivência com um pai, mãe, filhos, irmãos, amigos.

                A dor, nesses momentos, se faz presente, nos machuca o coração, nos torna vulneráveis, por vezes até irritados e impacientes com quem nos cerca. Ela é real, está ali doendo na alma e até no físico. Mas, se questionada, se analisada, ela é atenuada. Por que dói tanto em mim e não vejo que seja igual no outro? O que não estou conseguindo enxergar nessa situação? Será que estou sendo egoísta por querer aquele ente amado sempre presente na minha volta? Será que o grau de importância que estou dando para a situação é o mesmo que o outro dá? Onde está o amor nesse contexto, amor por mim e pelo outro, com respeito aos sentimentos? É amor ou é apego, ou é controle? O que posso aprender com esta experiência que estou passando? Então, porque não encarar a situação de frente, olhar para todos os lados envolvidos e buscar dentro de mim a harmonia, o discernimento, a ponderação? E por que não procurar ajuda para superar esta fase?

                Estas reflexões podem nos ajudar a superar momentos difíceis que nos levam a um processo de tristeza, de isolamento e que até venham a ocasionar um quadro depressivo.

Nem sempre a vida é poesia. Nem sempre na vida tem só música suave e agradável. Nem sempre o vento sopra calmo. E nem sempre encontramos o mar tranquilo. Mas a força gerada pelo mar bravo, pelo vento forte, por uma música cadenciada pela falta de rima, esta força é que nos impulsiona à ação. E tudo o que é necessário é agir, começar, caminhar, dar os primeiros passos. Depois, a nossa força interior e a força do universo, nos conduzem para o rumo certo. Certo? Talvez sim, talvez não. Mas nos conduz para o que tem que ser, para o que temos possibilidade de fazer e escolher naquele momento para dar seguimento na nossa jornada.

Todos temos dentro de nós capacidade e força para superar os obstáculos que surgem em alguns momentos na nossa vida. Muitos consideram a chegada da velhice como um estorvo, como uma tragédia que se instala sem volta. E, se este estorvo vem acompanhado de alguma doença, então aí mesmo que o mundo desaba. Outros se deparam com a mesma sensação no envolvimento com um nascimento não desejado ou com problemas de saúde. Mais uma vez, estamos diante do nosso olhar, de como vamos encarar o que estamos vivendo, e é isso que vai determinar como será o trajeto percorrido nessa etapa da vida até a chegada de uma separação.

 De momentos compartilhados, de vivências boas ou difíceis, posso escolher construir uma lição, estruturar um pensamento e gerar novas aprendizagens, viver um cotidiano com mais consciência, harmonia e alegria. Compartilho uma parte da mensagem de Aurora, recebida em 16 de julho de 2018, no Núcleo de Estudos Estrela do Oriente, canalizada por Izabel Cristina:

“Tenha certeza de que toda escolha, ela não é definitiva, mas ela é a escolha para o momento. Se não foi boa, há possibilidade, sempre há uma oportunidade de fazer novas escolhas. As escolhas vêm de dentro, e, assim, antes de tomar as decisões, a decisão não deve vir do seu mental, o seu mental é aquele que cria estratégia, das mil e uma possibilidades ilusórias, imaginárias. A verdadeira escolha é aquela que vem de dentro do seu coração, o coração é o termômetro, você sente aí que tudo vai bem, e, por mais que se contrarie mentalmente, logicamente, a decisão, confie no seu coração, pois é nele, é nele que nós temos a capacidade de criação, a capacidade de amar desinteressadamente e de criar condições e espaços propícios para que tudo cresça e se expanda no universo.”