ANSIEDADE, AMOR E TECNOLOGIA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Autor: Rosângela Ludke

Estudante de Psicologia

Fui convidada para escrever este artigo, sobre ansiedade em tempos de pandemia. Sou estudante de psicologia, mas, confesso: nunca tinha recebido esse tipo de convite e, obviamente, fiquei ansiosa. Na hora pensei: “Será que eu consigo? Será que posso ajudar?”. Recorri ao Google. Pesquisei sobre o assunto. Digitei as palavras ansiedade e pandemia. A resposta imediata do nosso querido amigo a que recorremos a tantas questões, inclusive inimagináveis, foi: Superação; pare, respire, pense.

Soou simplista, não? Qualquer um poderia ter me dito isso. Eu mesma poderia ter pensado isso. Mas não pensei. E, sim, o Google precisou me alertar da importância de parar, pensar e respirar. Quando estamos em uma crise de pânico ou de ansiedade generalizada, o que mais precisamos é de alguém que nos acolha e diga: “Vai ficar tudo bem, eu estou aqui”. Hoje, através de uma máquina, o Google cumpriu este papel. Foram três simples palavras, mas que me impactaram e fizeram parar, respirar, pensar e escrever. Era disso que eu precisava!

Nos últimos quatro meses estivemos nos relacionando com pessoas por meios eletrônicos, como nunca nesta última década. Para um ansioso, isso pode ser bom e também ruim. Como diria um velho ditado, “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Estamos sendo bombardeados de informações, por todos os lados, de todos os tipos. Ficar conectado se tornou mais que informativo, se tornou social, inclusivo, onde se é visto e ouvido. Mas até que ponto isso é saudável?

Quando o próprio site de pesquisas lhe diz para parar, respirar e pensar, ele também quer dizer que, se você olhar para dentro de si, curtir o seu silêncio, o seu casulo interior, respirar bem fundo várias vezes e principalmente agradecer por ter um teto, comida e talvez um “colo” (mesmo que virtual), é suficiente para continuar. E que está tudo bem ficar sozinho por algum período de tempo. Ou junto com a família que nos traz desafios de convivência diária, o que não nos era permitido antes pela rotina corrida. Então, é aí que está a resposta. É a dose. O equilíbrio. Físico e mental. Social e individual. Como com o remédio e o veneno.

Mas não podemos e não vamos deixar a ansiedade nos dominar. É importante não criarmos uma postura julgadora e crítica consigo mesmo e também com as outras pessoas, afinal, estamos todos em uma fase de adaptação ao novo normal. Pelo menos por enquanto. Ter em mente que nem todos os nossos pensamentos e sentimentos são reais também ajuda. A ansiedade tem como base o medo, todos carregamos o medo do desconhecido dentro de nós, mas também carregamos a coragem. E, a cada vez que enfrentamos nossos monstros, eu garanto, ela fica maior e mais forte. E, sim, às vezes, será preciso mesmo estarmos mais próximos das máquinas, não tem jeito. Para encontrarmos, mesmo que à distância, pessoas e palavras que nos deem forças para nos sentirmos mais leves, menos culpados e que nos mostrem a direção que perdemos de vista, pelos dias que também já perdemos as contas, que ficamos em casa e que têm nos deixado tão ansiosos. Em outros momentos, e que eu considero os principais, somente nós mesmos poderemos encontrar essa paz, olhando para dentro da gente, sozinhos, em