Estação das Rosas

Autor: Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora de Assuntos para Terceira Idade

Por estes dias, ouvi uma conhecida e antiga expressão: “Pare o trem que eu quero descer na próxima estação”. Por analogia, lembrei das estações, mas como fases da nossa caminhada por esta vida. Observei o quanto usamos esta frase para expressar sentimentos difíceis e que estão represados em determinado tempo da existência.

                Lembrei dos ciclos vinculados à natureza em suas diferentes estações do ano, que nem sempre têm períodos tranquilos e plenos como o do florescer das rosas, formosas, perfumadas, coloridas e tão amadas. É, até esquecemos que elas trazem em seus galhos, que são o seu sustentáculo, espinhos, que estão ali presentes para proteger e para lembrar que nem tudo são rosas e nem tudo são espinhos no caminho. Eles não tiram o encanto nem a beleza das rosas, mas são parte integrante da sua natureza.

                Refleti que, se pararmos um pouco de nos envolver com a vida dos outros, com as mídias digitais, que acabam afetando nossas emoções, e formos prestar atenção na natureza, observando seus diferentes momentos, teremos grandes lições. Estas lições serão alcançadas quando podarmos as negatividades oriundas de alguns noticiários e programas de televisão, enxertando novos e saudáveis hábitos, como música, leitura, meditação e exercícios. Assim, pode-se conseguir o cultivo de bons pensamentos, melhorar as emoções e aos poucos adquirir maior qualidade para nossa jornada.

                Podar, enxertar, cultivar, dessa maneira estamos preparando nosso jardim de rosas interno, vibrando amor, harmonia e mudando o estado de nossa alma, pois espelhamos na nossa vida a força da natureza e podemos sentir, se buscarmos, o quanto ela está em ressonância com a força e o poder que trazemos dentro de nós.

                Quando nos dispomos a procurar nos tornarmos uma pessoa melhor, a grande aprendizagem que brota é a de que cada um de nós precisa cuidar de si, afastando as negatividades e tudo o que traga tristeza e que possa levar a estados de exaltação, raiva, medo ou depressão. Estes estados nos afastam da nossa verdadeira essência, que é a de se estar em harmonia consigo, com a natureza e com todos os seres.

                Assim, ao cultivarmos nosso interior com bons sentimentos e pensamentos, vibraremos mais compreensão e tolerância, que nos leva à mudança do estado da nossa alma. Ao agir a nosso favor, com respeito e consideração, nos tornamos a força que acolhe e incentiva a todos os que conosco convivem. Acabamos deste modo, reescrevendo nossa história, com plena consciência de quem somos, de nosso poder, incluindo na nossa vida os valores que nos tornam verdadeiros e humanos.

                No passar das estações, podemos ver refletido no semblante de quem já vai longe nos anos vividos belos jardins cultivados com abundantes experiências adquiridas com as rosas colhidas ou a abundância de ervas daninhas sufocando aquele que fez o abandono de si, se deixando levar pela ilusão, tornando-se prisioneiro de energias nocivas, assim perdendo seu poder. São escolhas adquirir, adubar, cuidar e colher flores ou frutos ou permanecer na inércia esperando colher aquilo que não plantou.