Surpresas de uma conversa com a vovó

Cristina Schonwald de Oliveira Gestora para Assuntos da Terceira Idade e escritora

Quebrando paradigmas e preconceitos, fui surpreendida por alguém com o título de vó e com uma idade considerada mais avançada, que fez uma profunda reflexão por meio de uma agradável conversa numa tarde chuvosa e tomando um cafezinho com bolo de cenoura coberto com chocolate. Compartilho o conteúdo aprendido deste momento especial, uma troca aromática, saborosa e um verdadeiro deleite para a alma.

Quando se mergulha nas águas profundas de um lago cristalino, encontramos vida singular e abundante. Descobrem-se diferentes tipos de peixes, de plantas e crustáceos, convivendo harmonicamente e em perfeita sincronia. Deparamos com uma miríade de cores e sons que se cruzam e se entrelaçam, formando um exótico mundo novo aos nossos olhos. Um habitat muito singular, onde o respeito pelas grandes diferenças ali encontradas se faz presente naturalmente. Cada ser vivendo de acordo com a sua origem e dentro de uma cadeia evolutiva, coabitando respeitosamente com outros seres.

Conduzindo o pensamento para outros lugares como o mar, os rios, as montanhas, os desertos, ampliamos nossa visão e percebemos como são grandes as diferenças e o quanto significam para que a vida aconteça, se construa e se desenvolva. Percebemos como nada é estático e tudo vibra, gerando um movimento de ação e reação. Entendemos que este movimento é assim como o movimento das águas, que nos ensina a sermos mais flexíveis, mostrando que, ao contornar os obstáculos, descobrimos novos caminhos e vencemos batalhas. E, assim, aprendi como o ser flexível ajuda a tornar nossa vida mais assertiva e mais suave.

Encontramos uma força latente que é pura energia, em cada gota de água, em cada grão de areia, em cada folha, em cada ser, do maior que se possa pensar até aquele que é invisível aos olhos. Tudo e todos ao nosso redor, plenos de uma vibrante potência, uma centelha inteligente que é divina. São variadas cores, sons, formatos, tamanhos, cada partícula vibrando energia inteligente e se transformando para o que foi programada, para ser um ser singular. E, assim, aprendi também que, quando observamos a natureza, colocando nossa atenção nela, recebemos grandes lições de como viver de forma mais harmônica.

No final desta conversa, ela me olhou e perguntou se consegui ver como tudo na natureza e em todo o universo, mas tudo mesmo, está vibrando, tudo tem vida, e vida em harmonia. E finalizou enfatizando que não devemos esquecer o que é a harmonia. Harmonia é ter respeito à vida, aos outros seres, e que só se consegue ter este respeito quando se pratica o autorrespeito, quando aprendemos a olhar para nós, para nossas necessidades, e nos cuidarmos.